terça-feira, 28 de julho de 2009

SONETO DE FIDELIDADE



De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O SOL DERRAMADO EM OCRE






Este interior reflete o sol em várias superfícies:


um interior nu onde apenas uma esfera vive!


terça-feira, 14 de julho de 2009

COM FÚRIA E RAIVA



Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada

De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra

domingo, 12 de julho de 2009

JARRO-CORAÇÃO GIGANTE



Quando comecei a pintar esta flor gigante uma colega minha (que também pinta) apaixonou-se por ela. Encomendou-ma logo. Foi um prazer ver que o resultado final superou as expectativas dela e minhas. E está na cabeceira da sua cama, onde fica lindamente! Gosto de alegrar a casa dos outros e saber que criei algo que alguém aprecia tanto!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

SONETO - LUIS DE CAMÕES



Vós, que de olhos suaves e serenos,
Com justa causa a vida cativais,
E que os outros cuidados condenais
Por indevidos, baixos e pequenos;


Se ainda do Amor domésticos venenos
Nunca provastes, quero que saibais
Que é tanto mais o amor depois que amais,
Quanto são mais as causas de ser menos.


E não cuide ninguém que algum defeito,
Quando na cousa amada se apresenta,
Possa diminuir o amor perfeito;


Antes o dobra mais; e se atormenta,
Pouco e pouco o desculpa o brando peito:
Que Amor com seus contrários se acrescenta.